Especialista diz que muitos casos poderiam ser prevenidos com alterações no estilo de vida e prática de exercícios mesmo para pessoas com predisposição à doença
Essa semana aconteceu o Dia Mundial do Diabetes, com campanha de conscientização mundial em relação a doenças. Essa ação é de extrema importância, pois a maioria dos casos da doenças poderiam ser prevenidos com alterações no estilo de vida, principalmente com a prática de atividade física.
O armazenamento da gordura em excesso no organismo é a chave para as consequências adversas da obesidade, que resulta no desenvolvimento de resistência à insulina, um dos principais fatores de risco para diabetes tipo 2. A principal causa para esse acúmulo é a falta de atividade física.
Atividades físicas podem minimizar a predisposição genética de desenvolver diabetes tipo 2 (Foto: Getty Images)
Os índices de obesidade hoje indicam uma epidemia global que possui como consequência a alta incidência de doenças associadas como o diabetes, doenças cardiovasculares, entre outras. O processo chave para o desenvolvimento dessas doenças é a resistência progressiva à insulina, hormônio que controla os níveis de açúcar no sangue. Quando o corpo desenvolve a resistência à insulina, os níveis de açúcar no sangue e de lipídios aumentam, indicando um risco para o desenvolvimento de diabetes e doenças cardiovasculares.
Pesquisadores tentam entender porque algumas pessoas desenvolvem mais facilmente a resistência à insulina do que outras, e os fatores genéticos parecem ser fundamentais. Um grande grupo de estudos liderado pela Universidade de Cambridge, estudou mais de 2 milhões de variantes genéticas possivelmente associadas com a resistência à insulina em aproximadamente 200 mil indivíduos, buscando encontrar novos marcadores para essa condição clínica.
Foram identificadas 53 regiões do genoma associadas com a resistência à insulina e o risco para diabetes e doenças cardiovasculares. Apenas 10 dessas regiões já tinham sido identificadas como possíveis marcadores para essa alteração metabólica. Após estudo mais aprofundado com 12 mil participantes (EPIC-Norfolk), onde cada um passou por um escaneamento corporal para verificar a distribuição de gordura pelo corpo, foi verificado que um número maior de variantes de risco estava associado com menores quantidades de gordura sob a pele, particularmente na parte inferior do corpo.
Apesar desses resultados indicarem um forte peso dos genes no aumento do risco de desenvolvimento do risco de diabetes, hoje se sabe que é possível evitar a doença, mesmo com uma genética não favorável. Apenas o esforço terá que ser constante. Por isso, para quem possui um alto risco, a dieta com redução de carboidratos, a atividade física diária e a saúde intestinal em dia são fatores decisivos para evitar a maior parte das doenças crônicas.
Confira dicas para prevenir o diabetes tipo 2:
Atividade física diária
- Alimentação com redução de carboidratos
- Equilíbrio da microbiota intestinal (influência nos picos de absorção da glicose)
- Otimização dos níveis de magnésio
- Utilização de carboidratos não refinados, integrais e de baixo índice glicêmico
- Utilização de fibras na alimentação
- Ingestão de alimentos que favorecem a prevenção, como maçã, melão amargo, frutas cítricas, aveia, canela, chá verde, legumes e peixes de água fria.
Maçã seria um dos alimentos aliados na prevenção do diabetes (Foto: Getty Images)
Referências:
Xi P1, Liu RH. Whole food approach for type 2 diabetes prevention. Mol Nutr Food Res. 2016 Aug;60(8):1819-36.
Ardisson Korat AV, Willett WC, Hu FB. Diet, lifestyle, and genetic risk factors for type 2 diabetes: a
review from the Nurses' Health Study, Nurses' Health Study 2, and Health Professionals' Follow-up Study. Curr Nutr Rep. 2014 Dec 1;3(4):345-354.
Lotta LA, et al., Integrative genomic analysis implicates limited peripheral adipose storage capacity in the pathogenesis of human insulin resistance. Nat Genet. 2016 Nov 14.
Xi P1, Liu RH. Whole food approach for type 2 diabetes prevention. Mol Nutr Food Res. 2016 Aug;60(8):1819-36.
Ardisson Korat AV, Willett WC, Hu FB. Diet, lifestyle, and genetic risk factors for type 2 diabetes: a
review from the Nurses' Health Study, Nurses' Health Study 2, and Health Professionals' Follow-up Study. Curr Nutr Rep. 2014 Dec 1;3(4):345-354.
Lotta LA, et al., Integrative genomic analysis implicates limited peripheral adipose storage capacity in the pathogenesis of human insulin resistance. Nat Genet. 2016 Nov 14.
*As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do Globoesporte.com / EuAtleta.com
LIA KUBELKA BACK
Mestre em biotecnologia e doutora em biologia celular e do desenvolvimento com habilitação em genética molecular humana pela UFSC. É membro da American Society of Human Genetics e do Institute for Functional Medicine. Hoje é diretora técnica do Biogenetika, centro de medicina individualizada.
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